Faz parte da tradição política do Brasil, o coronelismo e o caciquismo, traduzidos em bom português: um que manda em outros que obedecem. A alusão de que nada se faz no PT sem o aval de Lula dá a falsa impressão de que no PT tem quem manda e quem obedece. Ou pior, que Lula é onipotente e onipresente.

Nos 32 anos de história do PT, há fartos exemplos que nunca foram divulgados pelos “mass medea” de decisões que contrariaram Lula, a direção do partido, deputados e senadores. Foram decisões tomadas democraticamente por eleição direta ou por representação de delegados(as) em Encontros e Congressos.

Lideranças petistas de Curitiba que defendem posição em favor de Gustavo Fruet passam a impressão aos meios de comunicação de que esta é a vontade do PT que “vem de Brasília” e tem o aval do ex-presidente Lula, portanto, concluem que é a “tendência” mais provável de definição do PT de Curitiba. Insinuações como esta, dialogam com a cultura de caciquismo e coronelismo que o PT combate desde seu surgimento, isto sim, com o dedicação de Lula, que para ser candidato a presidência da república em 2002 disputou prévias internas com o senador do PT por SP, Eduardo Suplicy.

Da mesma forma, fragilizada a legenda do PT, quando lideranças públicas do partido, como o Ministro Paulo Bernardo, apresentam publicamente o PT de Curitiba como um partido fraco que com candidatura própria a prefeito ficaria eleitoralmente no patamar de 1% dos votos (Gazeta do Povo, Celso Nascimento – 3/03), rebaixam a força social, institucional e política do PT e deixam duvida quanto à dedicação à candidatura petista a prefeito, se sua posição de apoio a Fruet for derrotada no Encontro Municipal.

Consideramos um esforço extraordinário de pessimismo, imaginar que a trajetória do PT na capital paranaense, com a força institucional de dois ministérios, sendo um deles o segundo cargo mais importante da república, dois deputados federais que já foram candidatos a prefeito, um deputado estadual que tem dobrado sua votação a cada pleito que participa além de três vereadores, participando de uma eleição de dois turnos, fique no patamar mencionado pelo ministro das comunicações. Só para ilustrar: o deputado estadual Tadeu Veneri, concorrendo contra mais de duzentas candidaturas, com pouca estrutura e sem tempo eleitoral de televisão e rádio, fez mais de 3% dos votos nominais válidos de Curitiba no pleito em 2010.

Para ser apoiado pelo PT, primeiro a pré-cadidatura de Fruet (PDT) terá de derrotar centenas de petistas que irão as urnas dia 15 de abril, no pleito interno do Partido dos Trabalhadores, votar pela candidatura própria. Estes petistas defendem que o PT represente com seu candidato a prefeito nas eleições de 2012 a força local que se coloca contra o projeto nacional do PSDB, o mesmo que Fruet pretendia representar em Curitiba até julho do ano passado, quando foi preterido pelo Governador Beto Richa.
Ao oferecermos o nome do Dep. Est. Tadeu Veneri como pré-candidato pelo PT a prefeito de Curitiba, não declaramos contrariedade à candidatura de Fruet pelo PDT, partido da base aliada do governo Dilma, menos ainda à pessoa do ex-deputado. Se agora Fruet se dispõe a derrotar o projeto tucano nas urnas, sua estratégia anda ao lado da estratégia que defendemos. No entanto, não vemos motivo políticos e eleitorais para que o PT coloque à disposição de seu projeto pessoal de ser prefeito de Curitiba, o capital institucional, político e social que milhares de petistas construíram em 32 anos de história.

Defenderemos no Encontro Municipal do PT de Curitiba, marcada para os dias 27 e 28 de abril, a força política, social e institucional do PT de Curitiba. E manteremos o nome de Tadeu Veneri à disposição dos filiados do PT, para que represente esta força e o projeto petista de democratização do Poder e ampliação do papel do Estado na perspectiva da justiça e da igualdade social.

Marcio Cruz
Chefe de gabinete do deputado estadual Tadeu Veneri
Mestre em Ciências Sociais PUC/SP
Ex-assessor no Gabinete Pessoal da Presidência da República 2009/2010

 

Artigo publicado no Blog Coxexão Brasília, de André Gonçalves da Gazeta do Povo.