Comunidade negra faz mobilização histórica em frente do Tribunal de Justiça e da Associação Comercial do Paraná.

Terça-feira, dia 12 de novembro. Dia que ficará na história do movimento social negro de Curitiba e do Paraná. Neste dia centenas de lideranças, representando entidades do movimento social negro de Curitiba, movimentos sociais, centrais sindicais (CUT e Força Sindical) estiveram em frente ao Tribunal de Justiça e da ACP, para mostrar indignação e repúdio à decisão judicial, que suspendeu em caráter liminar, o feriado municipal de 20 de novembro, recém conquista da população de Curitiba.
A Lei Municipal 14.224, que institui o feriado de 20 de Novembro foi promulgada em janeiro deste ano. No entanto, a Associação Comercial do Paraná e o Sinduscon ingressaram com uma ação judicial solicitando o cancelamento do feriado. Em um primeiro momento os impetrantes não tiveram o seu pedido atendido pelo judiciário. Não satisfeitos entraram com recurso, e no dia 04 de novembro o Tribunal de Justiça, sem buscar os contra-argumentos da outra parte interessada na questão, concedeu liminar suspendendo o feriado.
A comunidade negra deu o seu recado. O Tribunal de Justiça do Paraná e a ACP, em toda a sua história, não havia recebido uma manifestação como a realizada no dia 12 de novembro. Às 13 h levou a sua indignação ao Tribunal de Justiça. Às 15h30 manifestou-se em frente à Associação Comercial do Paraná em atos político marcado pela unidade, coerência política, demostrada também através de apresentações político-culturais.
Foi muito bonito ver lideranças históricas e a juventude negra irmanadas na defesa do feriado de 20 de novembro.

Para aqueles que se somam aos argumentos utilizados por setores retrógrados da sociedade, de que a lei seria inconstitucional, de que o feriado trará prejuízos financeiros; e o mais senso comum de todos, de que , se tivermos um dia de consciência negra haverá de ter também o dia da consciência branca, digo o seguinte:
“ Infelizmente, ainda hoje, em nosso país, todos os dias são da consciência branca. E esta consciência branca foi implantada a partir da exploração e do sacrifício da população negra que aqui foi escravizada por quase 400 anos. Para naturalizar o processo de escravização, as contribuições que os povos negros trouxeram para a humanidade foram propositalmente silenciadas. Os danos deste processo são visíveis em qualquer análise séria dos indicadores da vida social brasileira. Há uma dívida econômica e simbólica do estado brasileiro com a população negra. Diante disto, só temos duas alternativas, ou fechar os olhos e fazer de conta que está tudo bem, ou implantar algumas políticas de afirmação econômica e simbólica com foco na população negra. Sei que é mais cômodo usufruir das principais riquezas deste país produzidas através da inteligência e do trabalho escravizado dos negros, e não se preocupar com a situação em que vivem as vítimas deste processo desumano. Não vamos compactuar com este comodismo.”
A postura da ACP, do Sinduscon e do Tribunal da Justiça é atrasada e retrógrada. Não condiz com os avanços democráticos que a sociedade brasileira tem conquistado no último período.