Artigo de Marcio Cruz, mestre em ciências sociais pela PUC sobre a participação do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais de Curitiba. Márcio reafirma a importância do PT ter uma candidatura própria para disputar a prefeitura da capital paranaense.

O que está em jogo no Encontro do PT de Curitiba marcado para decidir sua tática de eleitoral, em resumo, é se o PT terá candidato próprio ou se apoiará candidato de outro partido. Esta definição representará a conquista de um degrau importante para as eleições de 2014. Ao contrário do que informam jornais e blogs que tratam de política, nada está decidido no PT. Talvez , por isto, no texto registrado pela CNB no partido, não haja uma linha que defenda explicitamente o apoio a candidato de outro partido, ou, à candidatura do ex-deputado federal Gustavo Fruet , nome apresentado pelo PDT.

Pesquisas realizadas pela mídia local e por partidos de forma extra-oficial colocam o PT de Curitiba em desvantagem. Não configura nenhuma novidade, já que o PT sempre esteve em posição desfavorável e nunca se colocou na defensiva, ao contrário se construiu na ofensiva. Nem o ex-presidente Lula, um dos principais articuladores da candidatura de Fernando Haddad a prefeito pelo PT de SP, contra a indicação de Marta Suplicy, à frente das pesquisas daquela capital, acredita que analises feitas meses antes da eleição devem ser levadas em conta para definir se uma candidatura é ou não viável eleitoralmente. Por que então os filiados do PT de Curitiba devem levar em conta estes índices para decidir sua candidatura no Encontro?

Dizem que os pré-candidatos pelo PT apresentados até o momento: deputado federa Dr. Rosinha (que já foi candidato a prefeito de Curitiba) e o companheiro Dep. Estadual Tadeu Veneri não aparecem nas pesquisas de forma competitiva. Para nós, o PT dever ter como candidato a prefeito em todas as cidades um nome que tenha passado político que o legitime perante os filiados ao PT e os eleitores petistas e que tenha condições de aglutinar o partido e as forças sociais de esquerda e progressistas em torno de um projeto comum para democratizar a cidade, com controle social e cidadania ativa.

Outros partidos da base aliada da presidenta Dilma, se colocam na disputa municipal: PDT, PMDB e PSC com incidência eleitoral, o que indica que com a candidatura própria do PT dificilmente um único candidato conseguirá êxito eleitoral no primeiro turno das eleições.

Temos a convicção de que não se faz nada sozinho, que é preciso unir forças entre diferentes, mas não vemos a necessidade de cumprir esta etapa no primeiro turno. Se tivermos êxito no primeiro turno, as forças que realmente são oposição ao modelo tucano se somarão conosco para derrotar este projeto na cidade e a estratégia tucana no estado.

De onde vem a convicção de que a candidatura própria não terá êxito eleitoral? Das pesquisas? Como cientista político não duvido do potencial de dados das pesquisas, no entanto devo advertir que os mesmos dados podem ser interpretados a partir dos interesses de quem os lê.

O ex-presidente Lula , com sua grande experiência em pesquisas, nunca se guiou por elas. Sabe bem o ex-presidente que análises de pesquisas são somente conjecturas sobre a realidade, são interpretações de dados a partir de um interesse político. Minha análise sobre os dados das pesquisas que foram publicadas apontam tão somente os índices de conhecimento, ou, desconhecimento do eleitorado sobre os candidatos em geral e os pré-candidatos petistas em particular.

Significa tão somente que quanto mais tempo o PT demorar para decidir seu candidato, menos este candidato terá exposição na mídia. Por terem menos exposição à mídia como pré-candidatos, nossos nomes são menos lembrados e conhecidos do eleitor. Significa também que durante a campanha oficial, qualquer um dos nomes já lançados pelo PT tem maior potencialidade de crescimento entre aqueles que não os conhece, sendo que para isto será preciso um esforço extra, o PT e o candidato gastará mais energia.

Toda análise de pesquisa aponta um olhar particular, como o que eu expressei neste texto, que valoriza a candidatura própria. É fácil duvidar dos interesses de analises que publicam ou “deixam vazar” somente o que lhe potencializa, nunca o que lhe fragiliza. A quem interessa afirmar que o PT não é viável eleitoralmente em Curitiba? Deixo a cada um/a sua própria reflexão.
Marcio Cruz
Chefe gabinete Dep. Est. Tadeu Veneri
Ex-Assessor do Gabinete Pessoal do Presidente Lula
Mestre em Ciências Sociais – PUC/SP.